segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

Nota de repúdio da Comic Con Experience ao programa Pânico na Band

Um acontecimento lamentável ocorreu na Comic Con Experience (CCXP) em São Paulo que foi simplesmente impecável, mas o programa Pânico na Band que é um programa de humor e entretenimento (que muito das vezes é considerado um humor negro); além da tiração de sarro e zoação com pessoas que estavam presentes no evento, eles extrapolaram o limite ao "danificar" (removeram a tinta) da fantasia de um cosplay, mas foram mais longe ainda ao integrante do programa Lucas Maciel, passar a língua na cosplay, sendo algo além de constrangedor, atingiu e comoveu toda a comunidade geek, nerd e principalmente, vários cosplayers se revoltaram com a situação. O relato da cosplay envolvida no caso, Myo Tsubasa, pode estar sendo visto CLICANDO AQUI!

Mas a situação não ficou por isso mesmo (e com certeza, terá muito mais problemas ainda), e a equipe do Comic Con emitiu um nota de repúdio ao programa, e inclusive, proibindo a presença do programa na próxima edição do evento. Confira a nota completa abaixo:

"Na CCXP - Comic Con Experience, todas as pessoas são bem-vindas e incentivadas, sem preconceitos, a ser quem são - ou quem desejam ser. É um ambiente harmonioso que defendemos, um lugar onde cosplayers, nerds, gamers, cinéfilos, leitores de quadrinhos e simples curiosos convivem com respeito. Numa convenção de cultura pop, o contrato social que sonhamos para nós - em que toda diferença é aceita e celebrada - torna-se realidade.

É com tristeza e um sentimento de desgosto, então, que assistimos à maneira como o programa Pânico na Band, incapaz de lidar com o diferente, traz para dentro da CCXP seus preconceitos de gênero e seu franco desrespeito, entrevistando cosplayers com grosseria - chegando a lamber uma visitante. Depois desse incidente lamentável o Pânico na Band foi banido da CCXP 2015 e de todas as atividades organizadas a partir de hoje.

Não se trata aqui de discutir limites de humor. A cobertura do Pânico na Band da CCXP 2014, inclusive, foi muito bem-humorada e eles foram credenciados para a nova edição dentro desse espírito. No entanto, assédios moral e sexual são temas seriíssimos e preocupações constantes em convenções de cultura pop no mundo inteiro - assim como fora delas. As atitudes do Pânico na Band dentro da CCXP representam um retrocesso que não podemos aceitar. Ninguém pode, não mais.

O senso de humor é um componente fundamental do cosplay. Nesta segunda-feira a web ainda se diverte com as imagens dos trajes mais inventivos que passaram pelos quatro dias da convenção, do meme de Pulp Fiction às crianças vestidas de Coringa. Mas o cosplay também é uma forma de expressão que ajuda muita gente a fantasiar, com segurança, com aquilo que deseja para si. Pessoas aderem ao cosplay para se tornarem mais fortes, usando a interpretação e a confecção de seus trajes para lutar contra quadros de depressão, para manifestar sua sexualidade, para trabalhar sua auto-estima, como um super-herói.

A organização da CCXP repudia com indignação a postura inaceitável do Pânico na Band porque ela desmancha esse encanto do qual depende qualquer convenção de cultura pop. Mas os cosplayers, os nerds, os gamers, os cinéfilos e os leitores de quadrinhos são maiores, mais unidos e mais fortes. E um dia o contrato social de tolerância que estabelecemos dentro dessas convenções vai se espalhar porta afora, como um coro."

The Fellowship of the Comic Con Experience, 7 de dezembro de 2015.

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