A Hasbro e a Paramount anunciaram que estão projetando um Universo Hasbro para o cinema. Os filmes seriam compartilhados e, portanto, girando ao redor de uma cronologia própria e amarrada.
Das franquias já anunciadas, temos: Rom, o Cavaleiro do Espaço; Micronautas; Visionaries; e M.A.S.K. E outras poderão estar a caminho, caso os filmes iniciais façam sucesso. A princípio estas marcas estarão ligadas apenas as versões cinematográficas dos GI Joes... mas, sabemos, que tá na cara que os Transformers vão participar. Visto que os cybertronianos são os personagens de maior popularidade da Hasbro no momento.
Mas, o que me assusta (e é o verdadeiro motivo de criar esta matéria especial) é o seguinte:
Tanto o povo que está comentando a notícia, quanto os sites ''especializados'', NÃO CONHECEM ESSES PERSONAGENS!!! Não sabem do que se trata e afirmam nunca terem escutado falar dessas franquias até hoje. Bem... dá pra entender o lado de quem nasceu depois de 1990 ou morou em um lugar onde não pegava a Rede Globo ou o SBT. Mas, ler um post de um marmanjo de 40 anos (mais velho do que eu) dizendo que se tratam de personagens ''que ninguém conhece'' é como me darem um tiro em cheio.
Por conta disso, vamos pra uma aulinha de Universo Hasbro. Onde vou contar quem são esses personagens e ainda vou mostrar que OUTRAS franquias (essas sim, mais desconhecidas) podem vir a se tornar filmes (ou não).
PRIMEIRA PARTE: ROM - SPACE KNIGHT
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* ROM - O Cavaleiro do Espaço*
No finalzinho dos anos 70, a Marvel Comics lança uma revista para ajudar na promoção de uma figura de ação: um robô espacial, que originalmente se chamaria COBOL (devido o nome da linguagem de programação) e co-criado por Scott Dankman, Richard C. Levy e Bryan L. McCoy. Os 3 venderam a patente para a Parker Brothers, que mudou o nome para ''ROM'' (Sigla de ''read-only memory'' de arquivos de informática) e precisavam de um conceito melhor trabalhado e um universo mais abrangente. Visto que só possuíam UM brinquedo e nenhum background.
O brinquedo original(raríssimo hoje em dia):
Então, a Marvel foi contratada para resolver este problema e, com os poucos elementos do brinquedo em si, criar um universo inteiro para o personagem. Bill Mantlo e o desenhista Sal Buscema deram vida, então, a ''Rom - Space Knight''.
Escultura abaixo foi feita por Helder M07
Segundo a HQ, Rom veio de um planeta de avançada tecnologia chamado Galador. A paz da civilização é quebrada quando tem início a invasão agressiva da raça dos Espectros (''Dire Wraith'', no original): seres metamórficos vampiros, que sugam toda a essência das vítimas para adquirir a forma e DNA dos mesmos. Além de suas fêmeas possuírem um profundo conhecimento de magia negra.
Após um massacre horrendo que quase dizimou Galador, os sobreviventes decidiram realizar um procedimento MUITO radical: voluntários deveriam se cibernetizar (através de nano-robótica e substituição de alguns orgãos) para se tornarem ''Cavaleiros Espaciais''. Uma espécie de força policial cyborg, onde cada um dos representantes é blindado com uma carapaça flexível de plandanium (metal quase tão resistente quanto o adamantium, capaz de aguentar as garras de Wolverine) e armado com equipamentos necessários para caçar todos os Espectros.
Com a transformação do organismo, o sistema interno seria capaz de reciclar todos os elementos do corpo do usuário, tornando-o virtualmente ''imortal''. Sem necessidade de se alimentar e precisando apenas de doses de luz solar e renovação do estoque de oxigênio. Pois, em um nível nanométrico, a armadura seria capaz de fazer pequenos auto-reparos e era quase inexpugnável. Além da resistência, a força física e os sentidos se tornavam multiplicados várias vezes. Conectado as costas dos heróis, está um potentíssimo jetpack com turbinas capazes de alcançar facilmente a velocidade de escape. Um Cavaleiro Galadoriano era o guerreiro perfeito para singrar o Universo e resistir aos mais terríveis ambientes.
Infelizmente, existia uma grande complicação: devido o método não ser testado a tempo, haveria o risco dos Cavaleiros Espaciais NUNCA voltarem a ser humanos novamente... principalmente os primeiros voluntários, que acabariam se tornando as ''cobaias'' para o restante dos companheiros que passariam pelo processo de cibernetização em outro momento. Existia até mesmo o risco de morte DURANTE o processo de transformação.
Mas, eis que o primeiro voluntário foi um homem corajoso chamado Artour Rom... ele sacrificou sua humanidade e o seu noivado para buscar justiça contra os Espectros e impedir que uma outra civilização passasse o mesmo que Galador. Emocionados e inspirados pelo jovem, cerca de MIL outros decidem se tornar cyborgs para caçar os malditos espectros.
Assim como a versão de brinquedo, Rom possuía 3 equipamentos externos:
-Analisador: uma pistola, cujo ''raio'' é capaz de identificar se a criatura a sua frente é um Espectro disfarçado ou não. Sem sombra de dúvida. Também é possível tentar analisar outras formas de vida e energia com este instrumento. Infelizmente, por ter o design de uma arma de fogo, os Espectros se aproveitam disso para acusar Rom de ser um assassino.
-Neutralizador: uma segunda pistola surge na mão de Rom quando é confirmado que um Espectro foi identificado pelo Analisador. Ao contrário da primeira, esta arma é letal. Sua rajada é capaz de causar a obliteração de um ser vivo nesta dimensão e mandá-lo para o LIMBO. Uma dimensão paralela, bem semelhante a um inferno ou purgatório, onde os Espectros são mandados, sem chance de retorno. Uma espécie de ''Zona Fantasma'' dos kryptonianos (DC Comics) bem mais inóspita.
Ironicamente... ''ROM'' também é uma sigla em inglês para ''Risk of Mortality'' (''risco de mortalidade\risco de morte''), termo usado na medicina para classificar a situação de um paciente em estado delicado. Logo, ter um ''robô com uma arma'', interpretado como se seu apelido fosse ''risco de morte'' , lhe dava um ar de ''bad boy'' que NÃO lhe dava uma boa abertura com humanos temerosos!
-Tradutor Universal: Um computador, ligado diretamente ao elmo neuro-cibernético de Rom, capaz de analisar, copiar, entender e traduzir qualquer idioma inteligível do Universo e enviá-lo a mente de Rom. Assim, é possível que Rom se comunique com qualquer civilização do cosmos.
Quando NÃO está utilizando suas armas, Rom pode teleportá-las de volta para uma dimensão paralela\sub-espaço secreta. Onde ficarão em repouso, seguras e intocadas, até que o herói precise novamente delas e as invocará. Um conceito utilizado por muitos personagens, principalmente os heróis de séries Super Sentai (cujos uniformes e armas ''surgem do nada'' como pensam alguns desavisados).
Depois de séculos singrando o espaço, os Cavaleiros sofrem muitas perdas e ''neutralizam'' vários Espectros. Porém, como se fossem uma praga vinda do inferno, a batalha contra esses vampiros nunca termina.
A falta de humanidade... de toque.... de interação fora da batalha... e o estressante cotidiano, que se resume apenas em buscar vingança, justiça e caça, acaba por secar de Rom e seus companheiros o lado emocional. Eles passam a agir cada vez mais parecidos com robôs sem alma. Apenas chegando a cada planeta, descobrindo quem é um espectro disfarçado, ''matando-o'' na frente de qualquer um, e deixando o local. Sem dar nenhum aviso, explicação ou esboçando qualquer sentimento.
Essa forma de ''limpeza'', proveniente de uma guerra tão antiga entre Galador e os espectros da Nebulosa Negra, acaba causando confusão pelas galáxias por onde os Cavaleiros passam. Mas, eles não se importam... alguns passam a nem se lembrar mais porque fazem isso.
Isso muda quando Rom, que nesta época já é conhecido como o MAIOR dos Cavaleiros Espaciais, chega até a Terra... e se apaixona por uma garota terráquea, com a qual não poderá concretizar seu amor.
Para piorar, os espectros já estão muito bem disfarçados entre os altos escalões de poder dos governos do nosso planeta e os super-heróis Marvel acham que ele não passa de um robô alienígena invasor.
Foram mais de 80 revistas em quadrinhos (incluindo mensais, anuais e minisséries) publicadas com Rom que valiam como parte da cronologia oficial da Marvel. Durante esse período, Rom se encontrou e enfrentou os X-men, o Hulk, O Coisa, Luke Cage e Punho de Ferro, entre outros.
CURIOSIDADE: Desde a primeira revista, é notável como o design da armadura de Rom, na Marvel, NÃO se parecia tanto quanto a sua versão original do brinquedo. Alguns diziam que isso piorava a venda da action figure, que possuía uma aparência ''feia... bizarra... assustadora''. O que faz todo sentido, pois se tratava de um guerreiro robótico ALIENÍGENA e que servia para CAÇAR, feito um predador. NÃO era pra ser lá muito simpático. Mas... a molecada ficava insegura de comprar um brinquedo que NÃO se parecia com aquele que todos curtiam ler nos quadrinhos.
Para remediar essa comparação entre a versão do toy e a versão dos quadrinhos (que aparentava, cada vez mais, ser feito de ''nanometal''\metal maleável) ficou subentendido que a armadura cyborg se RECONFIGURAVA, graças a sua nano-tecnologia. O motivo disso era que, em ambientes mais agressivos, Rom ficava com uma aparência mais ''robótica'' e ''alien''. E as EMOÇÕES de Rom também afetariam a eficiência e design de seu corpo biônico. Mas, na Terra, ele começou, inconscientemente, a moldar sua forma física para transparecer um ar mais ''orgânico, flexível e ágil''. Tanto para se misturar melhor entre os humanos (diminuindo o pânico) quanto se adaptar ao ambiente MENOS rigoroso do espaço e seus perigos.
Abaixo: Forge e Tony Stark ajudam Rom a construir um neutralizador ORBITAL para atacar os espectros que estavam na superfície da Terra.
Derrotou vários vilões. Conseguiu salvar a Terra unindo todos os Marvels contra os Espectros. Viu sua amada terráquea Brandy Clark renascer e se transformar em uma nova Space Knight. Retornou para Galador. Descobriu como se tornar humano novamente. Enfrentou a discórdia em seu próprio mundo e derrubou uma revolta de Cavaleiros do Espaço que promoveram um golpe de Estado. Fez coisas um tanto ''questionáveis'', como convencer Galactus a devorar o plaaneta dos Espectros (coisa que ele não conseguiu).
Foi nomeado governante de Galador. Se casou e teve dois filhos, que deram continuidade a sua obra.
Uma das mais novas guerreiras do grupo dos Space Knights: IKON
Muito das histórias de Rom ainda continua na cronologia da Marvel, principalmente na parte dos heróis cósmicos\space opera da editora. Todavia, NÃO é possível mais republicar essas clássicas histórias e nem utilizar o design da armadura do personagem: o motivo eu explico abaixo...
Rom (assim como toda a propriedade intelectual e conceitos de brinquedos e games que eram da Parker Brothers) foi comprado pela HASBRO tem um tempo. Mas,o personagem NÃO era na verdade da Marvel: a editora só foi contratada para criar um conceito e uma história pra servir de propaganda pro brinquedo. O Rom de brinquedo vendeu quase nada e, hoje, é raríssimo e custa uma boa grana pros colecionadores. E o Rom das revistas Marvel fez muito mais sucesso. Como o brinquedo não deu lucros, a Parker Brothers NÃO renovou contrato com a editora. Aqui, no Brasil, só viemos a conhecer as HQ's dele.
Como está a situação do personagem HOJE:
Na Marvel, os Cavaleiros Espaciais ainda aparecem raramente. Ikon, a ''Amazona Espacial'' é uma das mais recentes personagens da tropa. Ocorreu uma tentativa de unir um dos space knights aos Guardiões da Galáxia e até mesmo Ultron se disfarçou sob a armadura de um deles, como parte de seus planos em ''Era de Ultron''.
Para alegria de quem gosta de easter eggs, Rom (ou outro cavaleiro espacial bem semelhante) chegou a aparecer em um episódio do desenho animado do Surfista Prateado, nos anos 90:
Mas, tentando se afastar do conceito, que não pode ser devidamente mexido, e vendo que relembrar qualquer coisa do tipo seria dar popularidade a franquia que NÃO pertence a Marvel, a editora destruiu Galador. E, no momento, Venom 3 é o detentor do título de novo ''Cavaleiro Espacial'' da Marvel.
OBS: Apesar dos fãs antigos e novos estarem torcendo o nariz, existe algo de muito interessante no fato de Venom se tornar o ''novo Rom'' da editora. Em primeiro lugar, o novo ''Agente Venom'', cujo hospedeiro é Flash Tompson (amigo de Peter Parker e que perdeu as duas pernas durante a Guerra do Iraque) tem participação no grupo Guardiões da Galáxia e nos Vingadores, se tornando o protagonista perfeito no papel de diplomata-guerreiro intermundos. É bastante curioso que, ao contrário do cyborg Rom e sua armadura tecnológica, Tompson possui ''uma carapaça orgânica'' que lhe dá seus poderes. Por sinal, os simbiontes lembram um bocadinho os espectros. Uma dicotomia que pode ser trabalhada.
Não podemos esquecer, também, que o simbionte Venom é de origem alien... e seu planeta natal foi consumido por Galactus. Existe um ódio racial tremendo dos simbiontes pelo Devorador de Mundos e o Surfista Prateado. E isso foi esquecido pelos roteiristas, faz um tempão. Está na hora de retomar isto.
CURIOSIDADE: Não sei se somente eu percebi isto, mas... já perceberam que está aumentando uma ligação conceitual entre Flash Tompson e o clássico Flash Gordon? Ambos são atletas (do futebol americano), loiros, que estão vivendo aventuras no espaço no estilo Space Opera. O nome de ''Flash Tompson'', pra mim, sempre esteve ligado a uma espécie de homenagem\referência ao quase centenário Gordon. E, como o antigo herói retrô dos anos 30 está cada vez mais próximo de se tornar ''patrimônio da humanidade'', estou percebendo que talvez seja a intenção da Marvel de criar seu próprio ''Flash Gordon Thompson''. Ou pode ser apenas especulação da minha parte. ;)
NA HASBRO: Depois de comprar a Parker Brothers, a fabricante deixou o personagem ''na geladeira' por um bom tempo. Negociações entre a Marvel e Hasbro , para renovar as HQ's, não avançaram. Pra completar, um dos antigos criadores da figura de ação (quando ainda se chamava ''Cobol'') tentou recuperar a patente do brinquedo. Isso atrasou o retorno do herói por mais de uma década. Mas, as coisas começaram a mudar quando a Hasbro, em 2013, lançou um autobot repaint batizado de ''Rom''. Isso confirmou que a Hasbro não apenas mantinha o nome do brinquedo, como tinha desejo de reviver a marca...
Um fofo e simpático boneco de Rom, da série ''Mighty Muggs'', também foi lançado:
A NOVA REVISTA PELA IDW: Como grande parte do conceito do personagem foi criado pela Marvel (e ficou na editora, como o conceito de Galador e cia) a Hasbro pediu a IDW pra fazer pelo herói o mesmo que a editora anterior fez por ele no final dos anos 70: criar um novo universo e UNI-LO ao universo de Transformers (que TAMBÉM está sendo publicado pela IDW). Moral da história: até segunda ordem, Rom e os Cavaleiros Espaciais tem sua cronologia ligada aos cybertronianos e pertence ao universo Hasbro.
Antes disso, porém, a IDW (que já mantinha uma forte relação com a Hasbro, publicando as hq's de muitas franquias da mesma) chegou a lançar uma coletânea de capas e ilustrações comemorativas da franquia ''Marte Ataca!'' (da série de cards que é mania nos EUA e ganhou um filme de comédia nos anos 90): Rom aparece em uma dessas capas, fazendo referência a uma de suas ilustrações mais famosas. Com a diferença que ele está expurgando Marcianos no lugar de Espectros (Dire Wraiths). Veja o video abaixo, com o review da tal coletânea da IDW...
Rom na cultura pop:
Para a minha geração, que nasceu no fim dos anos 70 e começo dos anos 80, Rom foi um personagem tão inesquecível que, mesmo hoje em dia, tem fãs que scaneiam e publicam as antigas HQ's em forma de video na internet:
Rom é um ''metal hero ocidental'' espetacular. E digo, sem sombra de dúvidas, que ele foi um dos responsáveis pela franquia metal hero da Toei, principalmente JASPION, ter feito tanto sucesso no Brasil.
Até mesmo os metalianos, a raça de insectoides alienígenas metálicos de Marcelo Cassaro, com seu corpo prateado\cromado e suas espadas invocadas de outra dimensão, são pesadamente influenciados por Rom (e os Transformers).
Isso sem falar que Rom é uma das influências para Robocop e o mesmo foi ''homenageado'' em uma das cenas do primeiro filme: a revista em quadrinhos de Rom aparece em uma das lojas assaltadas, pouco antes de Robocop intervir, em sua primeira noite de patrulhamento.
O programa de paródia em stop-motion Frango Robô já pegou no pé de Rom, também:
Ou seja, eu sentia MUITA falta de Rom e, com certeza, vou adorar vê-lo nos cinemas. E não serei o único ;)
NA NOSSA PRÓXIMA PARTE: OS MICRONAUTAS!
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